:ESPECIAL-DIANTE DA PORTA ESTREITA:


Diante da Porta Estreita, por Charles Haddon Spurgeon.
Por bons motivos, Charles Spurgeon é considerado um dos maiores pregadores de todos os tempos. O que temos diante de nós é mais uma obra evangelística sua, que juntamente com “All of Grace” (Tudo pela Graça) tenciona pregar o evangelho de forma clara a fim de levar muitos a uma fé salvadora em Jesus.


MILHÕES DE HOMENS estão à beira da religião, distantes de Deus e da paz; por estes oramos, e a estes damos um aviso. Mas mesmo agora temos de lidar com um pequeno grupo, que não está longe do reino, mas vieram e subiram à porta estreita que está de encontro ao caminho da vida. Alguém poderia pensar que eles deveriam correr e entrar, pois um convite aberto e gratuito está colocado na entrada; o porteiro espera recebê-los, e não há senão este caminho para a vida eterna. Aquele que está mais sobrecarregado parece ser o mais pronto a entrar e começar a jornada celestial; mas o que aflige estes outros homens?


É isso que quero descobrir. Pobres companheiros! Eles vieram já um longo caminho para chegar onde estão; e a estrada do Rei, que buscam, está logo diante deles: porque eles não pegam a Rua da Peregrinação de uma vez? Espere! Eles têm muitas boas razões; e por mais tolas que elas sejam, precisam que um homem muito sábio as responda todas. Eu não posso fingir sê-lo. Só o Senhor mesmo pode remover a tolice que está subjugando-os em seus corações, e levá-los a darem o grande e decisivo passo. Ainda assim, o Senhor trabalha por Seus meios.
Aquele que não dá o passo da fé, e, portanto, não entra na rua para os céus, perecerá. Será uma coisa triste morrer justo fora da porta da vida. Quase salvo, mas ainda perdido! Essa é a pior das posições. 
Um homem justo fora da arca de Noé se afogaria; um assassino perto da muralha de uma cidade de refúgio, mas ainda fora, seria morto; e o homem que está a uma jarda de Cristo, e ainda assim não confiou nEle, será perdido. Por isso me esforço seriamente para levar meus hesitantes amigos além da entrada. Entrem! Entrem! É a minha urgente súplica. “Por que estás aí fora?” é minha solene pergunta. Que o Espírito Santo torne efetivas as minhas súplicas para muitos que olhem para estes textos! Que Ele cause que Seu próprio poder Absoluto crie fé na alma de uma vez!
Meu leitor, se Deus abençoar esta matéria para você, faça este favor ao escritor – ou dê sua própria mensagem a alguém que está inutilmente diante da porta, pois meu grande desejo é que esta matéria sirva para muitos milhares de almas.
A Deus tudo é consagrado; pois sem Sua graça nada acontecerá mesmo com tudo que está escrito.


" DESPERTAR "

GRANDE NÚMERO DE PESSOAS não tem nenhuma preocupação acerca das coisas eternas. Eles se preocupam mais com seus gatos e cachorros do que com suas próprias almas. É uma grande misericórdia que nós tenhamos sido levados a pensar sobre nós mesmos, e como estamos diante de Deus e do mundo eterno. Esse é um sinal frequentemente suficiente que a salvação é vinda a nós. Por natureza nós não gostamos da ansiedade que a preocupação espiritual nos causa, e tentamos, como preguiçosos, dormir de novo. Isso é grande tolice; pois é por nossa própria conta e risco que negligenciamos quando a morte está tão perto, e o julgamento tão certo. Se o Senhor nos escolheu para a vida eterna, Ele não nos deixará retornar à nossa soneca. Se formos sensíveis, devemos orar para que a ansiedade sobre nossas almas nunca termine até que estejamos realmente salvos. Digamos com nosso coração:

“Aquele que sofreu em meu lugar,
Deve ser o meu médico;
Eu não estarei consolado,
Até que Jesus me console.”

Seria algo terrível ir sonhando para o inferno, e lá abrir os olhos e ver um enorme abismo colocado entre nós e os céus. Será igualmente terrível ser acordado para escapar da ira vindoura, e então sacudir a influência da advertência, e voltar à insensibilidade. Eu noto que aqueles que subjugam suas convicções e continuam em seus pecados não são tão facilmente sensibilizados da próxima vez: cada despertar que passa deixa a alma mais sonolenta que antes, e menos apta a ser novamente sacudida com sentimentos santos. Por isso nosso coração

deveria ser grandemente conturbado com o pensamento de se livrar deste problema de outra forma que não no caminho certo. Alguém que teve gota foi curado da mesma por um medicamento charlatão, que trouxe uma doença interior e o paciente morreu. Ser curado da aflição da mente por uma falsa esperança seria um péssimo negócio: o remédio seria pior que a doença. Muito melhor que nossa fragilidade de consciência nos cause longos anos de angústia, que a percamos, e pereçamos na dureza dos nossos corações.
Mas o despertar não é algo sobre o qual descansar, ou desejar que continue mês após mês. Se eu acordar de um susto, e ver minha casa em chamas, eu não sentarei na beira da cama, dizendo a mim mesmo, “Eu espero que eu esteja verdadeiramente desperto! De fato, eu estou profundamente grato que não fui deixado dormir!” Não, eu quero escapar da morte ameaçadora, e assim eu corro para a porta ou janela, para que eu saia, e não pereça onde estou. Seria um benefício questionável ser desperto, e ainda assim não sê-lo para escapar do perigo. Lembre-se: despertar não é ser salvo. Um homem pode saber estar perdido, e ainda assim nunca ser salvo. Ele pode ficar pensativo, e ainda assim morrer em seus pecados. Se você descobrir que está falido, a consideração sobre seus débitos não os pagará. Um homem pode examinar suas feridas por tudo um ano, e elas não estarão mais próximas de ser curadas porque ele as sente inteligentemente, e sabe o seu número. 


É um truque do demônio tentar o homem a se satisfazer com um senso de pecado; e é outro truque do mesmo enganador insinuar que o pecador não se contente em confiar em Cristo, até que ele possa ter certa medida de desespero a adicionar ao trabalho consumado do Salvador. Nossos despertares não são para ajudar o Salvador, mas nos ajudar ao Salvador. Imaginar que meu senso de pecado é para ajudar a removê-lo é absurdo. É o mesmo que dizer que a água não pode lavar minha face até que eu tenha olhado longamente no espelho, e tenha contado as sujeiras na minha cara. Um senso de necessidade de salvação pela graça é um sinal muito saudável; mas precisa-se de sabedoria para usá-lo, para não fazê-lo um ídolo.

Alguns parecem ter se apaixonado por suas dúvidas, e medos, e aflições. Você não pode fazê-los se livrar de seus terrores – eles parecem casados com os mesmos. Diz-se que o pior problema com cavalos quando o estábulo está em chamas, é que você não consegue fazê-los sair de suas cocheiras. Se eles somente seguissem você, eles escapariam das chamas; mas eles parecem estar paralisados pelo medo. De tal forma que o medo do fogo os impede de escapar do fogo. Leitor, será o seu próprio medo da ira vindoura que impedirá que você escape dela? Esperamos que não.
Havia um que tendo estado muito tempo na cadeia não queria ir embora. A porta estava aberta; mas ele clamava com lágrimas que lhe permitissem permanecer onde estivera por tanto tempo. Afeiçoado pela prisão! Devotado às barras de ferro do corredor da prisão! Certamente o prisioneiro deve ter sido acertado na cabeça! Vocês estão desejosos de continuarem despertos, e nada mais? Não estão desejosos de serem perdoados de uma vez? Se vocês fossem se demorar em angústia e pavor, certamente vocês também estariam raciocinando mal! Se a paz deve ser recebida, recebam-na de uma vez! Porque permanecer na escuridão da cova, aonde seus pés afundam no barro sujo? Vocês não sabem o quão perto está à salvação de vocês. Se soubessem, certamente esticariam a mão e a pegariam, pois ali está; e está lá para ser recebida.

Não pensem que sentimentos de desespero o fariam adequado à misericórdia. Quando o peregrino, em sua jornada para a Porta Estreita, caiu no Pântano do Desânimo, vocês pensam que, quando a lama suja daquele pântano ficou presa em suas roupas, era para ele uma recomendação, para receber mais facilmente admissão na entrada do caminho? Não. O peregrino não pensava ser assim; nem deve você. Não é o que você sente que irá salvá-lo, mas o que Jesus sentiu. Ainda que houvesse algum valor curativo nos sentimentos, teriam de ser bons; e os sentimentos que nos fazem duvidar do poder de Cristo para salvar, e previnem nossa salvação nEle, de forma alguma é bom, mas uma cruel injúria ao amor de Jesus.

Nosso amigo veio ver-nos, e viajou por toda a nossa abarrotada Londres de trem, ou bonde, ou ônibus. De repente ele fica pálido. Perguntamos-lhe qual é o problema, e ele responde, “Eu perdi minha carteira, e continha todo o dinheiro que eu tinha no mundo”. Ele começa a falar o valor de cada moeda, e descreve os cheques, contas, notas e moedas. Dizemos-lhe que é um grande consolo para ele saber tão apuradamente o tamanho de sua perda. Ele não parece dar valor à nossa consolação. Garantimos-lhe que ele deve ser grato por ter um senso tão profundo de sua perda; pois muitas pessoas devem ter perdido suas carteiras e foram incapazes de calcular a perda. Nosso amigo não parece, entretanto, estar nem um pouco animado. “Não”, diz ele, “saber minha perda não me ajuda a recuperá-la. Diga-me onde achar o que é meu, e você me terá dado ajuda real; mas meramente saber minha perda não me dá nenhum conforto”. Da mesma forma, crer que você pecou, e que sua alma deve ser executada para a justiça de Deus, é algo bem apropriado; mas não o salvará. A salvação não vem pelo conhecimento de nossa própria ruína, mas por agarrar totalmente o livramento providenciado em Cristo Jesus. Uma pessoa que se recusa a olhar para o Senhor Jesus, e insiste em se afogar no seu pecado e ruína, nos lembra de um garoto que deixou cair uma moeda por uma grade aberta de um esgoto de Londres, e permaneceu lá por horas, achando conforto em dizer, “Ela rolou para lá! Exatamente entre aquelas duas barras de ferro eu a vi cair”. Pobre alma! Por muito tempo há de se lembrar dos detalhes de sua perda antes que consiga de volta qualquer valor com o qual possa comprar um pedaço de pão. Você vê o significado da parábola; lucre com ela.


C. H. Spurgeon




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2 comentários:

  1. É, saber onde pecamos, ou o local exato em que paramos nossas vidas não irá adiantar!A menos que utilizemos isso como uma ponte a nos levar para quem,ou o que nos pode fazer prosseguir!
    O que impreterivelmente nos fará isso é o Amor do nosso JESUS CRISTO!

    Obrigado!..Serviu para mim!:)

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  2. Amém. A salvação não vem pelo conhecimento de nossa própria ruína, mas por agarrar totalmente o livramento providenciado em Cristo Jesus.

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